domingo, 10 de fevereiro de 2013

RELACIONAMENTOS NA ERA VIRTUAL E O SEXO CASUAL - JUNTOS, PORÉM TÃO DISTANTES

    RELAÇÕES SEM ENVOLVIMENTO  


Aquele clima romântico, de pura sedução, que fazia bater mais forte o coração dos jovens enamorados, está se dissolvendo com o avançar do progresso tecnológico.
Até meados dos anos 90, havia algo de muito bom e estimulante na paquera tradicional, onde ocorriam o flerte, a troca de olhares, a aproximação para os contatos iniciais, os passeios, os beijos extravasando desejo, o escurinho do cinema, e muitos outros detalhes que enterneciam e incendiavam os corações apaixonados.

Somente após a garota conhecer um pouquinho mais, e ter alguma clareza de seus sentimentos em relação ao parceiro, chegava-se ao momento do sexo. Era um acontecimento especial.

A internet, através das redes sociais, e todo o universo da web, estão sepultando gradativamente aqueles encontros clássicos, que além de agradáveis, auxiliavam os casais a se conhecerem um pouco mais, antes de transarem.

Atualmente as pessoas estão se comunicando via redes sociais, mensagens de texto, webcan, whatsapp, aplicativos de encontro etc.  Com isso, está se tornando cada vez mais raro duas pessoas se encontrarem pessoalmente para trocarem ideias, rirem, e desfrutarem de momentos agradáveis de lazer.
Nos encontros a dois, havia aqueles momentos de encantamento, onde os casais conversavam, olhos nos olhos, para que ambos pudessem conhecer o perfil e detalhes de suas vidas. Hoje isso em parte tornou-se dispensável, pois muitas dessas informações já estão lá no mundo virtual, empobrecendo o contato das relações humanas.


                                                     Paradoxo

Nesses tempos em que quase tudo é virtual, as pessoas tendem a se isolar do mundo real. Saem do virtual para encontrarem-se com um grupo de amigos (a) de forma rápida, superficial e sem muita interatividade, ou somente para fazer sexo.
Mas será que esses contatos virtuais são satisfatórios?
É evidente que tem lá suas vantagens. Todavia, esse progresso tecnológico criou um paradoxo. Ele veio para facilitar a comunicação e aproximar as pessoas virtualmente, no entanto, está contribuindo para o afastamento das pessoas do contato pessoal. No mundo virtual  falta o calor das relações humanas.
Segundo Ricardo Veronese, ator paulista e colunista, "aplicativos de encontros substituíram o olho no olho,  perdeu-se a leveza dos encontros, antigamente, tudo era mais leve, sereno, delicioso....."

A situação chegou ao ponto de alguém ter 3000 amigos em uma rede social e não sentir-se ligado a ninguém, ou não querer perder tempo com relacionamentos longos. Para atender pessoas com esse tipo de perfil, tem surgido novos aplicativos e sites, cujo objetivo é cortar o papo e ir direto ao que se deseja: SEXO.  
Juntos, porém, tão distantes

Para muitos, o sexo tornou-se um ato banal. São pessoas com esse perfil que estão aderindo ao sexo casual, pois se sentem livres de qualquer compromisso, já que o (a) parceiro (a) é descartável de acordo com a conveniência de cada um.
O amor, companheirismo, afeto, e compromisso, estão ficando em segundo plano.
Hoje a lógica desses casais é a seguinte: primeiro vem o sexo, se rolar um envolvimento emocional, e ambos quiserem prosseguir com o relacionamento, tudo bem, se não, cada um vai para o seu lado.

Workaholics
Há também aquelas pessoas que priorizam a carreira profissional por tempo indeterminado. São tão centradas em si mesmas, a ponto de não se permitirem vivenciar um relacionamento amoroso.

Mulheres que se acham modernas, independentes e livres de tabus, acreditam que o sexo casual pode ser uma opção para quem não tem tempo ou interesse de se envolver com outra pessoa. Mas essa opção pode significar também algo não tão saudável, como por exemplo, uma forma de mascarar conflitos internos, baixa autoestima, dificuldades de aceitação, egocentrismo, comodismo, etc.
Deixam de ter um namorado ou um relacionamento sério, preferindo ter a possibilidade de trocar de parceiro com a mesma facilidade e naturalidade com que trocam de roupa diariamente. O outro é visto apenas como um objeto sexual.
É a era dos relacionamentos rápidos e descartáveis.  Será que as pessoas estão mais felizes  que outrora?

Não devemos ser hipócritas ou falsos moralistas em relação ao sexo casual. O fascínio pelo "proibido" e a sacanagem sempre estiveram presentes no imaginário do ser humano.  O problema, é quando as pessoas se acomodam com esse tipo de relação, por não quererem assumir qualquer responsabilidade perante a vida, seja por imaturidade, comodismo, egocentrismo ou insegurança, perdendo-se com essa atitude a riqueza das relações emocionais que permitem o amadurecimento  e satisfação íntima num nível mais profundo da vida à dois.
O sexo casual ou sem compromisso, não passa de apenas uma necessidade fisiológica, funcionando  na base do "piloto automático", algo parecido com animais irracionais quando estão no cio, movidos apenas pelo instinto sem qualquer envolvimento emocional.
As pessoas mau intencionadas, os cafajestes, bad boys, pegadores, piriguetes, e demais aproveitadores de plantão devem estar imaginando  que o terreno nunca esteve tão fértil para eles como agora.

São inegáveis as facilidades e benefícios oferecidos pela internet. No entanto, há um lado não tão saudável que precisamos trazer à tona. Esses aplicativos e outros sites do gênero, incentivam e encorajam os jovens a praticarem o sexo casual. Eles se sentem a vontade, já que não serão cobrados quanto a responsabilidade, compromisso ou envolvimento afetivo, porém, toda essa facilidade, pode induzi-los a promiscuidade, com consequências imprevisíveis, como doenças infecto-contagiosas, além dos prejuízos que poderão ocorrer à vida emocional e afetiva da mulher.
No final, todos perdem com a banalização do sexo.

Outra consequência que desperta atenção, segundo o escritor Dan Slater, autor de Love in the Time, é que, "como se tornou fácil achar parceiros, as pessoas acabam perdendo rapidamente a paciência com o outro, mesmo no caso de relacionamentos com poucos problemas.  Afinal, é fácil arranjar outra pessoa.  Desta forma, as pessoas tendem a ser mais promíscuas".

Em pleno século 21, sabemos que não cabem mais certos moralismos e pensamentos retrógrados. As sociedades evoluem, e é ótimo que as condições e liberdade das mulheres tenham evoluído nas últimas décadas, em todos os sentidos, no entanto, não devemos confundir liberdade com libertinagem. Não se trata de entrarmos na questão do falso moralismo do que é certo ou errado, mas é algo para refletirmos.

Uma pesquisa publicada  numa revista americana revela que após uma noite de sexo casual, sem compromisso, e sem envolvimento emocional, algumas mulheres sentem um inexplicável vazio. Uma delas, psicóloga, declarou que por mais independente e moderna que seja uma mulher, em seu íntimo, ela ainda gosta de receber flores, ter um companheiro para compartilhar alegrias e tristezas e não apenas a cama.
As mulheres querem ser ouvidas, protegidas e amadas, é algo que faz parte da essência feminina.
Uma outra, arquiteta, sintetizou o que talvez seja o sentimento de outras mulheres. Ela disse  que num primeiro momento, o sexo casual é bom, porém, após o  ato sexual, sobrevém uma sensação estranha, fica faltando algo mais. Em certa ocasião, chegou a imaginar-se como um pedaço de carne a disposição de um lobo faminto. Desde então, convenceu-se definitivamente que somente o sexo com envolvimento emocional de ambos, torna o relacionamento mais gratificante e prazeroso, alimenta e pacifica a alma.




Luiz Lira
Atuo na área de Recursos Humanos.
Nas horas vagas, rsrsrs, gosto de ler, refletir e opinar sobre comportamento, relacionamentos e dilemas do cotidiano. 
Sei que não escrevo textos com maestria, porém, gosto de compartilhar temas que estimulem a reflexão.


" A conexão profunda entre um casal é muito maior que gostar das mesmas baladas e se dar bem na cama. Ela inclui aquilo que com prazer fazem juntos durante boa parte do tempo, as conversas que geram satisfação e aprendizado, o nível de compreensão recíproca, o respeito e o afeto. Ela inclui compartilhar certos valores e objetivos, o que só se consegue com a convivência. Porque se abrirmos mão daquilo que somos em função de "ficar com alguém", ou haverá sofrimento íntimo na permanência, ou a relação estará destinada ao rompimento"  -  Rita Foelker, Escritora, jornalista e mestre em filosofia.

Leia mais em: 
POR QUE SEXO CASUAL PODE SER ALGO RUIM?/maisdetrinta.com.br/colunista Marcelo Vitorino

A MODINHA DO P.A.